terça-feira, 9 de agosto de 2011




Eu olho. Me acostumei a olhar. À minha volta o mundo inteiro exibe suas cores, sua beleza e sua dissimulação*.
Eu continuo parada, só olhando. Parece que sou sensível à vida, é o que me dizem.
Lá fora as coisas não cabem* em mim, eu não caibo nelas. Aqui dentro também, nada sem encaixa em mim, nem mesmo eu.
Um par de olhos escuros me chama a atenção e eu só olho, porque não sei fazer outra coisa, porque o mundo me segura e solta e eu não consigo me mexer por conta própria, porque eu toda estremeço só em pensar que posso um dia tocar* alguém verdadeiramente, porque apesar desses sorrisos resplandecentes e olhos amistosos, o mundo simplesmente não aceita, e eu também não - por isso olho. Quem sabe um dia tenha coragem e toque, com as mãos cheias e trêmulas de ansiedade,  mas por enquanto eu fico aqui, parada e só olhando. 



[Cleice Souza]

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