segunda-feira, 25 de julho de 2011




Eu, que vivi uma infância dos sonhos, colecionei estrelas e acreditei nas pessoas, depositei minhas melhores expectativas* num mundo melhor que a minha ilusão, hoje tenho que engolir meias-verdades, me contentar com tamanho egoísmo. No namoro, você se entrega enquanto o outro conta vantagem*. No trabalho, você se dedica pra caramba enquanto o seu chefe te passa a perna. No serviço público, quando você não é ignorado, recebe uma cara feia como resposta. Na vida, você luta pra atingir uma meta, vem um pilantra e compra o seu sonho. Amigos a gente compra. Peito a gente compra. Assim como bunda, nariz, cabelo... Daqui a pouco, estamos encomendando pessoas que melhor satisfaçam nossos desejos desumanos*. Tão prático quanto compra rápida na internet! Já pensou? Claro que não, que ingenuidade a minha, gostamos é de atingir, na cara de pau mesmo, de propósito, e daí?

Olha, vida real é para poucos. Para poucos, que eu digo, seres humanos, pessoas de verdade, que ainda sentem pelos outros. E não pra essa gentinha que mede valores através de quanto se carrega no bolso. Por isso, voltarei agorinha mesmo pro meu sonho. Lá posso usar a roupa mais leve e voar*, tocar o céu, fazer nuvem de algodão-doce, ver do alto, que nem passarinho, toda a verdadeira beleza do mundo. A poesia é a resposta pra vida. Conforta, sossega. Humaniza*. Porque não existe nada mais desmotivador que conhecer a realidade, uma experiência que desaponta, coisa triste de gente-grande. E se não ficarmos atentos, também seremos sugados por esse materialismo sem fim. Porque quando menos se espera, a gente perde todo o encanto do olhar, já não ver mais nem sente mais e, pior, deixa de ser. 


[Pensamentos soltos ]

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